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Uma palavra pode mudar nossa memória?

  • Foto do escritor: Luciana Sutti
    Luciana Sutti
  • 11 de out. de 2018
  • 2 min de leitura

Comunicação é tornar comum a ação. Mas nem sempre a troca de informações entre um emissor e um receptor é bem-sucedida... Sabemos que há diferenças entre o que quero falar e o que falo, entre o que falo e o outro ouve, entre o que o outro ouve e o que ele entende...e também entre o que realmente aconteceu e o que lembramos!


Diferentemente do que podemos pensar, a memória não é um gravador, que recorda exatamente o que aconteceu em um episódio em seus mínimos detalhes. Elizabeth Loftus, uma psicóloga cognitiva americana especializada em memória humana, fez estudos muito interessantes sobre a criação de falsas memórias, isto é, quando as pessoas se lembram de coisas que não aconteceram ou quando a lembrança contém detalhes que não correspondem à realidade.


Um destes estudos, conduzidos na década de 70, demonstrou como as memórias são construídas e reconstruídas. Dois grupos assistiram à mesma cena de um acidente automobilístico (imagem abaixo).



Depois de algum tempo, os pesquisadores fizeram a seguinte pergunta para o grupo 1: Qual a velocidade dos carros quando eles bateram? Para o grupo 2, a pergunta teve uma palavra diferente: Qual a velocidade dos carros quando eles se estraçalharam?

Por conta do uso desta palavra que qualificava a batida, as pessoas do grupo 2 relataram uma velocidade maior dos carros, e também que havia vidro quebrado na cena do acidente, o que não condizia com o fato ocorrido.


O que isso significa? Que uma informação incorreta (ou uma desinformação) pode distorcer, contaminar ou modificar as memórias.

Portanto, a semântica usada nas conversas pode ter consequências reais sobre como as pessoas experimentam seu mundo, pois as palavras evocam emoções e memórias (que podem ou não ser reais).


A emoção transmitida pelas palavras não só estrutura as memórias individuais, mas também influencia na estrutura da vida social de uma comunidade. Podemos concluir então que a forma como organizamos as palavras define como vivemos.


A reflexão que podemos fazer é:


Como receptor: se me incomodei com o que o outro falou, qual emoção e qual memória ele me ativou? Vou precisar olhar para isso: nomear este sentimento (é raiva? É medo?) e decidir o que fazer o com o que senti. É um convite para fazer uma auto- análise com profundidade, reformular e evoluir.


Como emissor: com as palavras que utilizo para me expressar, convido o outro para co-construir ou para se defender? Quais seriam meus resultados se conseguisse trazer o melhor do outro em todas as minhas interações?


"As palavras têm a leveza do vento e a força da tempestade". Victor Hugo
 
 
 

1 comentário


Marisa Angelo
Marisa Angelo
19 de out. de 2018

Lu!! Excelentes artigos! Nos levam a reflexão sobre as atitudes cotidianas!!! É sempre possível melhorar!!

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