Sobre aranhas, neurônios-espelho e Piaget
- Luciana Sutti
- 22 de mar. de 2021
- 2 min de leitura

Há alguns dias entrou uma aranha bem grande na minha cozinha. Não sou muito fã delas.
Se fosse outro momento, iria gritar por ajuda para matá-la. Mas agora que aumentei minha consciência sobre o impacto dos meus comportamentos nos meus filhos, escolhi agir diferente. Não quero que eles tenham medo de aranha.
Chamei a família toda como se fosse algo muito empolgante que estava acontecendo na cozinha. Vieram todos.
"Olha, uma visitante!"
"Será que é venenosa?"
Meu filho já pegou um potinho, o pai ajudou a cercar a aranha, que foi rapidamente capturada.
"Vamos tentar descobrir qual é seu nome?"
"Vamos procurar na internet?"
A aranha foi observada de todos os ângulos, para ver se descobríamos sua espécie.
"Olha, ela tem um formato de seta no abdômen."
Descobrimos então que se tratava de uma aranha de jardim.
"Na verdade, é de quintal, né mãe..."
Ela passou a noite na prateleira da cozinha, e na manhã seguinte foi libertada pelo meu filho.
Como aprendi por imitação a ter medo de aranha, e sabendo que os neurônios-espelho dos meus filhos são ativados quando eles observam as minhas ações, isso me traz uma grande responsabilidade.
Poder transformar a presença de uma aranha na minha casa em um momento de curiosidade e não de medo, exigiu de mim uma escolha consciente.
Além disso, também coloquei em prática o conselho do Piaget, sobre como as crianças aprendem pela desequilibração majorante.
Segundo esta teoria, em relação a quantidade de informações, a criança e o objeto estão em desequilíbrio.
Para entrar em equilíbrio com o objeto, a criança precisa mexer, observar, tocar (se possível). E se for algo perigoso, este contato precisa acontecer sob supervisão de um adulto. Deste modo, a criança aprende como ele funciona, o que faz, extraindo dele os aprendizados.
Os novos dados e conhecimentos extraídos vão se encontrar com os conhecimentos prévios que a criança já possuía e novas conexões são feitas. É assim que a aprendizagem ocorre!
Ao estar com eles, observando a aranha em detalhes, as crianças aprendem que não precisam temê-las e sim respeitá-las. E eu também!
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