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A efemeridade da vida

  • Foto do escritor: Luciana Sutti
    Luciana Sutti
  • 27 de mai. de 2021
  • 2 min de leitura

Sempre soube que a vida era pedagógica. Mas às vezes ela ensina com tanta clareza que até nos ofusca a vista...


Hoje foi um dia destes. Um dia de levar uma "chapoletada" na cara. Como se a vida me dissesse: "Vamos logo, acorda, pára de sofrer com coisas efêmeras!" "O tempo está passando e não temos todo o tempo do mundo". "Tá bom, até temos, mas queria tanto que você aproveitasse este tempo-espaço para chegar um pouquinho mais perto..."


Hoje foi um dia em que todos os meus planejamentos foram descaradamente jogados no lixo.


Hoje foi um dia em que a realidade se mostrou com sua face mais cínica, quase que debochando dos meus devaneios.


Estava discutindo com meu marido na sala, quando a mãe-natureza resolveu me dar uma lição bem doída. A neurociência da aprendizagem já sabe que guardamos mais as informações quando elas vêm carregadas de emoção...


Um passarinho entrou pela porta da garagem, fez um curva fechada, deu um rasante na minha cabeça, bateu contra a porta de vidro e caiu no chão, morto.


Saiam gotas de sangue do bico de uma linda fêmea de saí-azul.

Saiam lágrimas dos meus olhos.

Tanta beleza, agora sem vida, em minhas mãos.


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Precisou deste choque de realidade para que fizéssemos as pazes e percebêssemos o que realmente importa na vida.


Queremos muitas vezes moldar a realidade às nossas expectativas, mesmo sabendo que a expectativa é a mãe da frustração.


Na verdade, a vida só pede a nossa presença. Inteira, visceral, plena. Presença integral no aqui e agora.


(Re)-aprendi a lição. Mas a tristeza na alma me acompanhou o dia todo. Até me lembrei de um poema do Manuel Bandeira.


Andorinha lá fora está dizendo: -Passei o dia à toa, à toa. Andorinha, andorinha, minha canção é mais triste: -Passei a vida à toa, à toa.

Será que estou passando a vida à toa, à toa?

Será que realmente estou fazendo bom uso das minhas potencialidades, como Jesus ensinou na parábola sobre os talentos?

Será que estou sendo fator de soma na vida das pessoas, como recomendou o filósofo Cícero?


Eram estes os meus pensamentos enquanto, entre lágrimas, admirava a plumagem da linda ave, que em sua breve vida deu tudo o que era esperado dela: cores, cantos, beleza.


Quando for a minha vez de "bater as asas", que eu tenha a tranquilidade de saber que ofereci à vida tudo o que eu tinha para oferecer. Que eu não seja surpreendida com nenhum "talento" esquecido, sem uso.


Que eu possa estar mais atenta aos sinais da vida, com a vista menos embotada com os meus "quereres".


Adeus, pequenino pássaro azul e verde, que agora jaz no meu quintal... Que sua passagem tão breve em minha vida tenha valido a pena!

























 
 
 

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